sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Dodge Magnum 78/1979 Marrom Sumatra

                          Imagino um escritor, que não é meu caso, tentando por no papel alguma coisa interessante, algo que possa realmente ser apreciado por milhares de pessoas. Tanto em uma história verdadeira ou não, o sujeito precisa esmiuçar a cabeça, ter um cantinho só seu, onde possa imaginar, viajar, lembrar de fatos!
                       Para um leigo como eu, um "mão grossa", mesmo tendo uma história, como meu caso, coloca-la no papel com detalhes, formatar um enredo que tenha começo, meio e fim, demanda tempo, muita paciência e  uma dose cavalar de inspiração. Com toda certeza não é fácil. Acho que escrever é como andar de bicicleta, dirigir, sei lá! Quanto menos exercitar pior é recomeçar.
                          Agora, neste momento, estou sentado aqui diante do computador, tentando escrever algo bacana. Entre uma lembrança e outra, sou interrompido, quase ininterruptamente por minha "ajudante"!! A cada dois ou três minutos ela para na minha frente e lança um olhar pedinte: -"Quero colo"!! O qual não consigo deixar de atender. Então, escrevo uma linha, colo!! Outra linha... colo!! Tá difícil!!

Alguém pode resistir a este olhar?? Acho improvável 

                           Sei que todos querem uma história fantástica, até mesmo eu! Mas dos inúmeros dodges que tive, alguns realmente passaram por mim como uma brisa de vento! Sem viagens espetaculares ou algum fato extraordinário. Tenho histórias incríveis de alguns carros que tive, que ao seu tempo irei postar. Estas   passam na memória como um bálsamo, bem diferente desta de hoje. Mas, para que esta não passe em branco vou tentar contar-lhes algumas coisas.
                        Bom, primeiramente peguei as fotos que tenho deste e tentei lembrar de algo. Muitas vezes quando estou trabalhando em algum Dodge ou em minhas peças lembro de algumas passagens da minha vida, várias delas sem relevância alguma ou então nada dizem respeito ao foco deste blog.
                              No final do ano de 1991 fomos eu e meu irmão à Porto Alegre, estávamos atrás de alguns documentos de uma velha espingarda calibre 12 que ele tinha comprado. Chegando no endereço,  um bairro na periferia da cidade, meu irmão bateu na porta e logo foi atendido por um velho senhor. Este convidou-nos para entrar, mas eu preferi ficar na rua.
                       Desde muito tempo atrás, ainda quando era novo, aquela cidade me fascinara. Um lugar grande, de velhas histórias esquecidas, casas antigas que escondiam verdadeiras relíquias do seu passado e que quase, ou sempre,  ficaram perdidas no tempo.  Então, como de costume, estava eu sempre procurando algo do meu maior interesse, ou seja, carros antigos abandonados.
                      Escrevendo isto me dou conta de como as coisas, e também as pessoas, mudam e envelhecem. Naquela época, início dos anos 90, já achava os dodges  carros velhos. Engraçado, pois tinham tido sua produção interrompida a menos de dez anos. Hoje passaram de velhos para antigos.
                            Pois bem, naquele dia fiquei na rua apreciando as velhas casas, tentando olhar por entre grades e portões. Pequenas frestas de portas de garagem entreabertas me aguçavam, e aguçam até hoje, mas naquele dia nada de especial. Segui adiante, caminhando por duas ou três ruas, sempre atento! Um pouco adiante, entre casas, um terreno baldio. Muro alto e sem passagem aberta, espiei uma fresta de portão e só conseguia ver um matagal na parte de dentro. O destino me fez desejar olhar o outro lado do muro, então juntei algumas pedras da rua, subi em cima e consegui olhar para dentro. Encontrei o o que procurava, em baixo de um pequeno galpão aberto dos lados, de uma aba, tinha um dodge parado.
                              Desejando desesperadamente entrar no terreno e olhar o carro, desci das pedras e comecei  uma busca na vizinhança. Bati em algumas casas e logo encontrei o dono do terreno. O senhor me disse que o carro era de um amigo, vizinho também. Perguntei onde morava e em seguida desci a rua até chegar a casa.
                       Encontrei um sujeito na frente e perguntei do dodge, este me confirmou a propriedade do mesmo. Conversamos um pouco e lhe fiz a pegunta que todo apaixonado por objeto alheio tem:
               "É  de venda??"
               Resposta: -"Vendo!!"
               Eu:-"Quanto??"
               Ele:-"Quanto tu me dá??"
              Eu:"-Hummm, posso olhar o carro??" Ele:"-Vamos lá!"
                              Alguns minutos depois já era eu novo "feliz" proprietário. Voltei correndo na casa em que estava meu irmão e contei o fato, ele balançou a cabeça como querendo dizer:"-Tu não tem arrumação" Bom, meu irmão foi comigo até a outra casa e terminei de fechar o negócio. Fomos direto ao cartório, reconheci firma de um recibo do carro e uma hora depois estava eu pegando a estrada de volta à Taquara de Magnum.
                             Quase chegando em Taquara, onde fica a localidade de Passo do Hilário, o dodge parou!! Pensei comigo:"-Começou bem!!" Desci , abri o capô e logo constatei a falta de gasolina! Mas  não poderia ser, pois tinha colocado gasolina em Porto Alegre o suficiente parar ir à Taquara e voltar. Puxei a mangueira que liga ao carburador, suguei e nada. Tanque vazio!! Bom, nestas alturas agradeci a sorte do meu irmão estar com outro carro. Andamos mais alguns quilômetros chegamos em um posto, comprei algo em torno de 10 litros de combustível e voltamos, recoloquei no tanque e tudo resolvido.
                                No outro dia descobri o mistério! Tentei ligar o carro e nada, fui conferir e surpresa: Sem gasolina!!Fui em um posto, comprei mais combustível, coloquei no carro e funcionou bem. Quando desci do carro vi o precioso líquido escorrendo. Tanque furado, um pequeno furo, mas o bastante para escoar uma boa quantidade de gasolina.
                               Resolvido este pequeno problema, o carro não me deixou mais na mão. Tinha pintura bem gasta, alguns amassados e os bancos rasgados. Originais, mas rasgados! Motor bom, caixa e diferencial bons. Alguns dias depois fiz a suspensão e tive um ótimo carro para o dia-a-dia da oficina.
                               Andei com ele diariamente por muito tempo, só me deu alegrias. Fui à vários lugares com ele, inclusive um em especial, que sempre gostei, a praia! Depois de dois anos e meio, vendi para um cliente de Porto Alegre.
                              Para os amigos que estão lendo terem uma real noção do que foi (ou não foi!) um dodge entre meados dos anos oitenta até meados dos noventa, este Magnum foi o décimo primeiro Dodge comprado por mim no ano de 1991!! Ou seja, em doze meses 11 dodges, quase um por mês! E não comprei mais naquele ano porque simplesmente não quis. A oferta era enorme, as pessoas praticamente empurravam os dodge  garganta à baixo!                                    

 Magnum, em frente a caso dos meus pais

Foto tirada na praia de Capão, no detalhe minha sobrinha Paula, hoje veterinária formada! O tempo passa!





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