sábado, 29 de outubro de 2011

Dodge Magnum 1980 Cinza Poly

                          Não sei se já comentei aqui, mas quando criei o blog e resolvi começar a contar minhas histórias, não falei para ninguém além da minha família. Tomei esta decisão por alguns motivos pessoais.
                         Primeiro porque sempre me achei meio reservado, e não gostaria que as pessoas pensassem que eu estava querendo aparecer. Segundo porque pensei que se as pessoas que me conhecem, descobrissem por elas mesmas, seria mais prazerosa a leitura para elas mesmas. Para muitas destas pessoas, uma descoberta ainda mais interessante, que,  em alguns casos, se descobrissem coadjuvantes do blog. E caso gostassem da leitura, retribuiriam meu trabalho posteriormente. E assim está sendo até agora!
                          Alguns dias atrás, recebi a prezerosa ligação do meu grande amigo Geraldo Rosenthal. Antes de falar qualquer coisa, ele me disse o seguinte: - "Resolveu colocar os podres da tua vida para fora!!! " Começamos a rir e eu já sabia sobre o que ele estaria falando! Este cara me disse tantas coisas bacanas a respeito do que leu no blog, que fiquei até emocionado!! Relembramos fatos ocorridos no passado que nem eu lembrava mais. Me cobrou por  eu não ter lhe avisado da minha iniciativa, então expliquei a ele exatamente o que vos escrevo agora, que não havia comentado com ninguém à respeito deste humilde blog!
                          Bom, naquele dia, já havia mais de ano que não o via, e tão pouco, conversava com o Geraldo. Tratamos de marcar um bom churrasco para os dias seguintes. À noite , quando olho o blog, tinha um belo comentário na postagem do dia 25/06/2011 (Dodge Dart de Luxo 1973 branco). Como é bom ter amigos!
                          Outro grande amigo e parceiro que me surpreendeu bastante, e que a muito tempo não vejo, foi meu amigo Chico Pellegrine. À anos se mudou para Santa Catarina e nos últimos tempos, pouquíssimas vezes nos vimos. Dias atrás, quando abro meu computador, tenho uma grata surpresa em ler a mensagem que mandou! Me contou que está adorando o blog e as passagens em que conto nossas aventuras! E posso dizer à ele que em breve vai sair uma história muito bacana contando uma das tantas "indiadas" que fizemos juntos!
                          O Chico me fez relembrar uma passagem muito gostosa nossa. Ná época em que eu ia todos os dias na oficina do pai deles, o Gringo! Ficavamos conversando e contando bobagens até meia noite, ou mais. Eu, ele e o seu irmão Leandro, ficavamos sentados em mochinhos de madeira no interior da oficina. Contando histórias, olhando os carros que estavam na oficina e... palpitando!! Contando causos de pessoas e carros, falando da vida dos outros(que feio) e tantas coisas mais! As risadas eram a rodo, e vinham sem motivo algum pela noite à dentro!!!!  Que época boa que não volta mais!! Quanto assunto a gente tinha para contar!! E as tardes comendo bergamotas?? Meu Deus!!
                          Lembro quando o Chico estava restaurando a Ford F1 dele. Ele lixando massa plástica, parecia que não iria terminar nunca!! Martelando, pintando, xingando todo mundo, martelando os dedos! E eu?? Dando risadas!! Mas, a vida é esta, passa rápido, tão rápido que quando a gente percebe, já se foi!
                         Bom, mas segundo fiquei sabendo pelo teu irmão Leandro alguns dias atrás, tu tá bem na foto meu camarada!!!!!!!!!! Fico feliz por ti! Tu merece tudo que esta vida tem de bom! E vamos marcar aquele churrasco quando tu aparecer por aqui!! Já combinei com o Leandro!
                
                          Exatos 9 dias depois de ter comprado o Magnum Estelar, surgiu a oportunidade de comprar este Magnum Poly. Logo no primeiro instante, me interessei, pois ate então, nunca havia tido um Magnum 1980. Mas como as coisas nunca são tão simples, desta vez também não foi!
                       Naquela ocasião, tinha combinado com alguns amigos de ir ao Uruguay, fazer algumas compras e também olhar alguns carros antigos. Para esta viagem, eu tinha guardado US$1000,00 para torrar por lá, e, era o único dinheiro que eu tinha na época!! Uma dúvida cruel pairava na minha cabeça! Teria que optar, ou ir para o Uruguay, ou comprar o Dodge.
                       O preço que estavam pedindo pelo Magnum, transformado em dólares, era de mais ou menos US$400. Fiz contas de todos os jeitos e maneiras, pensei muito e cheguei até cogitar em desistir da viagem. Meus parceiros ficaram loucos, falaram que se eu não fosse, ninguém iria. Não tive como não ir na viagem! Acabei me conformando, deixaria o dodge de lado, talvez para uma próxima ocasião.
                          Chegou o dia, fui viajar! Mas meus pensamentos estavam voltados apenas para uma coisa, o Magnum! Para resumir a história, não comprei sequer uma rapadura na viagem!! Só gastei exatamente o que era indispensável, ou seja, com comida e o rateio de gasolina. Economizei exatos seiscentos e quarenta dólares!!
                         Quando retornamos da viagem era bem tarde da noite, no outro dia, a primeira coisa que fiz foi ir buscar o Magnum.


Foto tirada pela minha irmã Fernanda, na av. Paraguassu em Capão da Canoa. Ná época, não sabia que estava sendo vigiado e fotografado!! Kkkk!! Alguns dias depois, olhando a foto, vi que fui pego de surpresa!
                          Era meados do mês de Dezembro, fiz minha mala e fui para a praia. Uma semana depois que estava lá, vendi o Magnum para um sujeito que estava veraneando por lá. O cara não tirava os olhos do Dodge, acabou me fazendo várias ofertas, sendo que uma delas aceitei! Voltei de onibus para Taquara e um dia depois retornei com outro dodge para praia. Bom, não lembro de mais nada da breve passagem deste dodge em minhas mãos, e também , estou louco para sair e dar umas voltas com o dodge azul. Tá lá no pátio me esperando!!
                          Na próxima postagem Charger RT 1978 amarelo   

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Magnum 1979 - Azul Estelar

                        Quando eu tinha 17, 18 anos,  meu maior sonho de consumo, em termos de carro, era ser dono de um Charger RT 79 azul Estelar/Cadet. Esta neura se criou logo nas primeiras vezes em que vi um dodge nesta configuração de cor. Se não me falha a memória, foi na praia de Capão da Canoa. Lá tinha um vendedor de frutas e verduras com um Charger 79 azul. Todas as vezes em que eu ia ao centro, parava ao lado do carro e ficava admirando. Aquela combinação de cores exercia, e exerce ate hoje, uma grande influência em mim!
                      O carro já naquela época estava bastante danificado, e vejam bem, estou falando do ano de   1982, 83! Tão novo e já tinha a pintura bem feia, parecia que ganhava banhos diários de salmoura!! Eu fico imaginando hoje, como aquele carro, com tão pouco tempo de uso, foi parar nas mãos do verdureiro! Longe de mim desmerecer o coitado do verdureiro, ou sua profissão, não é isto!! Mas como todos sabem, os dodges modernos valiam uma verdadeira fortuna até meados da década de oitenta, ao contrario dos antigos, que eram facilmente trocados por bicicletas! Um carro com dois, três anos, qual era sua quilometragem??? Qual a história mirabolante dele??? Enfim,   o Charger bi-color era o carro de trabalho daquele homem! E, também, meu sonho se acabando na maresia!
                        O verdureiro usava o carro como banquinha das frutas!!! Só tinha o banco do motorista, o resto era melancia, abóbora, milho verde, cebola, alface e por aí vai!! No espelho retrovisor interno, tinha pendurado uma penca de rapadurinhas de leite. Era realmente assustadora a cena!!
                         Perdi a conta de quantas propóstas fiz ao pobre senhor, ele sempre reticente!! Ate foi bom, porque se por ventura aceitasse alguma daquelas propostas, eu não teria como pagar!! Não trabalhava e não tinha dinheiro para mais do que alguns picolés!! Por diversos veraneios, acho eu que uns 3 ou 4, o Dodge Estelar sempre estava lá, no mesmo lugar cativo! Na última vez, ou seja , no último veraneio em que vi o carro, estava literalmente acabado! Os podres tomavam conta da pobre lataria, indefesa a maldita maresia! Com certeza o destino do pobre foi o ferro velho.
Simplesmente Lindo!! Uma obra prima da engenharia Chrysler do Brasil!! O Dodge mais bem acabado e requintado de todos, claro, inclui-se aí toda linha 79/81. Chega a me dar dor de barriga olhando estas fotos!
Só faltando um bege cashmere/sumatra para formar a trinca. Quem anda em um dodge até 78, e nunca andou em um bom 79, realmente, não imagina o que seja! Parece outro carro, apesar de serem praticamente os mesmos, são totalmente diferentes! O 79 é conforto puro!
 Sem comentários!!
Espetacular!!!!!!!!!!!! 
Não sei o que a cor azul faz comigo, nunca vi interior de um carro mais bonito que este!!  Neste painel apenas um defeito,  o dono colocou um jacarandá fora do padrão! Este aí tá parecido com o do Opala
                   Algum tempo depois, andando por Porto Alegre, encontrei um outro bi-color azul! Este, estava parado em frente ao prédio do ministério da justiça. O dodge era novo,novo,novo!!! Fiquei estaqueado naquele local por horas, esperando o dono, que não apareceu! Cansado da espera, fui até uma lancheria que tinha próximo, pedi um pedaço de papel e caneta e fiz um bilhete elogiando e enaltecendo o belíssimo carro. No final do bilhete, escrevi: "-Caso o sortudo senhor, feliz proprietário deste belíssimo exemplar, queira me passá-lo, por um preço bem inferior ao que ele vale, favor me ligar!! Numero tal, ass: Cuti".
                  Uns dois ou três dias depois, toca o telefone lá de casa, minha mãe atende, conversa um pouco, olha para mim e pergunta:"- Um senhor quer falar contigo à respeito de um bilhete que tu deixou no vidro de um dodge, é contigo??" Eu respondo:"SIM!!!.  Era ele!! Meu coração parecia querer saltar pela boca, então, tiritante segurei o gancho do telefone!! Com voz trêmula, disse:- "Alou"!! 
                     Foi uma das conversas mais prazerosas que tive na vida!! O gentíl senhor era agradabilíssimo! Praticamente só ele falou, me perguntou várias coisas. Onde eu morava, que idade eu tinha, meu nome e etc, etc. No final, me disse que não tinha a mínima intenção de vender o Charger. Me ligou porque achou muito criativo o bilhete que deixei no vidro do  dodge e também para me dar uma satisfação. Agradeci e coloquei o fone no gancho... chorando!!!
                    E assim, foram passando mais tantos outros dodges bi-color azul que fui atrás, mas infelizmente, nunca consegui comprar e realizar o tão sonhado desejo. A muitos anos que não tenho a felicidade de ver ao vivo um carro como este. Acho que, em termos de dodge, este é um dos meus maiores traumas!
Propaganda da Chrysler para a linha 1979 do Charger R/T
              Bom, o tempo foi passando, e, certa noite, estava eu parado em uma esquina no centro de Taquara, quando de repente, de longe, vejo vindo em minha direção aquelas sinaleirinhas clássicas de um dodge. Fico olhando atentamente, e quando vem se aproximando, vejo que é um dodge moderno, depois, com capô azul!! Gelei!! Era um Magnum 79 Estelar, o carro passou suavemente por mim, deixando para trás, em orquestrada sinfonia, aquele maravilhoso ronco original! Até o cheiro do ar mudou! A noite mudou, tudo ficou leve e alegre na minha cabeça!! O dodge era assustadoramente lindo!! Novo!! Muito novo!! Simplesmente não falei outra coisa naquela noite, que não fosse daquele carro. Precisava ardentemente descobrir quem era seu dono e onde morava!
                    Nas décadas de oitenta e noventa, eu tinha o hábito de sair caminhando pelas ruas durante a noite. Por vezes ficava ate alta madrugada perambulando pelas ruas desertas da cidade. Durante estas caminhadas, além de contemplar a beleza da noite, ficava pensando na vida de um modo geral! Tudo que acontecia comigo, o que seria de mim no futuro, estas coisas! Era como se a noite fosse minha analísta!
                    Em uma destas caminhadas, enquanto passava em frente ao consultório médico de um conhecido, escuto vozes falando de dodge, que emanavam do interior da garagem! Na hora eu paro e, sorrateiramente, encostado na porta da garagem, fico escutando!! As conversas giravam em torno de um dodge, entre este conhecido médico, e um suposto mecânico! Não aguentei e bati na porta da garagem!! O Dr me atendeu, me reconheceu e mandou eu entrar.
                    Quase caí duro com o que vi! Lá dentro estava o Magnum Estelar que tinha visto passar no centro alguns dias atrás!! Quando olhei o carro de perto pude ver o quão novo era o Dodge. A luz, incandescente, era fraca no ambiente. O tom azul daquela cor não era Estelar, era ESPETACULAR!! Acrescido do vinil azul clarinho do teto, as faixas laterais azuis, tudo, tudo mesmo, na mais perfeita harmonia, contracenava com a fraca luminosidade do lugar! Um momento mágico...  eterno... sublime... na minha memória ...
                        O mecânico estava revisando as sapatas do freio traseiro. Eu, olhava o carro como algo surreal!  Por cima, por baixo, não continha elogios a tão bela visão. Fiquei no local por horas, ate que o mecânico terminou o serviço. Eram quase duas horas da manhã, eu, sem vontade alguma de voltar para casa. Queria mesmo era entrar naquele carro e sair rodando pela cidade deserta, sem destino, ate o amanhecer! 
                        Alguns meses depois, este médico, vendeu o Magnum para um outro médico, que já era cliente meu. Este já tinha um LeBaron 79, também azul estelar, comprado quase novo na agência Chrysler de Taquara. O novo proprietário botou na cabeça que tinha que pintar o carro, detestou o vinil azul claro e as faixas laterais azuis. Como me neguei a cometer o crime, o carro foi levado a uma oficina de pintura, e meses depois, o carro tinha sido todo repintado! Não sei porque, também refizeram todo o estofamento, retirando aquele maravilhosos tecido original! Retiraram as rodas e calotas e colocaram um jogo de rodas gaúchas. Que crime mortal! O Magnum, agora, estava todo descaracterizado!
                        O carro foi pintado em um tom azul diferente do original, sem faixas laterais e sem vinil! Por uns 5 anos, fiz manutenção neste carro, depois, foi vendido para outro cliente meu. Este ficou por mais uns dois anos e o vendeu. Nunca mais tive mais noticias do Magnum, sumiu!
Dodges do meu amigo Badolato, no interior do Museu do Dodge em São Paulo

Espero viver o bastante para conhecer pessoalmente o Museu do Badolato. O Magnum branco Ártico com vinil azul é muito bonito, mas, seu irmão Azul Estelar ao lado... 

A meu ver, a cor mais linda do Magnum, Azul Astelar 

                         Passado mais algum tempo, apareceu na oficina um cara do interior do estado, mais ou menos da minha idade, com um Magnum Azul Estelar. Este carro era muito inteiro também, com as faixas originais e vinil. As rodas e calotas não eram mais as originais. Tinham sido trocadas por umas rodas raiadas que existiam para venda naquela época. O tecido dos bancos também haviam sido trocados, não sendo mais aqueles riscados originais. Mas no geral, o Magnum era muito atraente, tinha uma bela pintura e seu estado geral era muito bom!
                       Logo no primeiro contato, ficamos amigos. Comecei então a fazer a manutenção neste Dodge. Aproximadamente durante dois anos, este meu amigo vinha até minha oficina à cada dois meses, regularmente. Por vezes, passavamos o dia só conversando, pois o carro não tinha muitas coisas para serem feitas. O tempo foi passando e certo dia, este amigo me disse que estava com um grande problema financeiro. Adorava o carro, mas teria que vende-lo! Então acabou me oferecendo o Magnum. Eu para variar, sem recursos, disse à ele que não poderia comprar, no entanto, achava que seria um carro muito fácil de vender, dado seu estado e beleza!

As três fotos seguintes, foram me dadas de presente pelo antigo dono, exatos 4 meses atrás. O Magnum era ainda bem original. Suspensão meio arriada, roda meio que aberta. Com certeza precisando de umas buchas de balança novas.
No geral um bom carro para época! Se fosse hoje, carro de placa preta!! Kkkkk
Só faltava mesmo as calotas originais, de resto , bem apresentável!!
                         Meu amigo colocou o carro à venda por dois ou três meses, não conseguiu vender. Certa manhã, quando abro o portão da oficina ele estava lá esperando. Me fez uma proposta irrecusável, parcelada. Não tive como não comprar e acabamos fechando negócio.
                         Cinco dias depois, vendi o Magnum por várias vezes o que tinha pago. É uma situação que digo sempre, para se negociar com carro, a gente precisa estar no "meio"! Quando se quer vender, ninguém quer comprar! Quando se quer comprar, difícil de achar. É muito complicado! Então quando a pessoa trabalha com determinado bem, fica muito mais fácil de negociar. As pessoas te procuram para vender e também para comprar!

                         Na próxima postagem, Magnum 1980 Cinza Poly