sábado, 25 de junho de 2011

Dodge Dart de Luxo 1973, Branco Ipanema

                                                     Meu 30° carro, 21° dodge
                  Uma curiosidade: As visitas diárias a este blog são em média de 350 à 450 acessos. Durante o dia e à noite, não há uma hora sequer que não seja visitado. Mas durante as madrugadas, os acessos são muito menores. Nunca, desde o inicio do blog, alguma madrugada teve acessos ininterruptos, ou seja, sempre em uma hora ou outra, fica sem ser visitado, isto até a postagem passada, do Maverick GT!
                  A "audiência" do blog bateu recordes inacreditáveis. Na madrugada do dia 17/06, não houve um minuto sequer que não houvesse alguém conectado. As 2hr da madrugada do dia 17/06, tinham nada mais nada menos , do que 187 acessos!!  No dia anterior, 16/06, entre às 16hr e 17hr, foram registrados 372 acessos!!! Em apenas uma hora!! Coisa de louco!

                              Nos áureos tempos de oficina, além de vender peças e fazer a manutenção de centenas de Dodges, muitas pessoas como clientes, amigos e outros, chegavam até minha pessoa para comprar dodges. Caso eu não tivesse algum no momento para vender, me pediam para encontrar algum. Não foram poucas as vezes que algum amigo ou cliente me pedia para sair pelo interior do estado a procura de dodges. As pessoas associavam a minha oficina com venda de peças/manutenção/revenda de carros! É que realmente eu tinha, ou quase sempre tinha, algum dodge ou galaxie para vender.
                             Isto seguidamente acontece até hoje e é uma coisa que me agrada bastante. Adoro isto! Gosto muito de viajar, acho que herdei este prazer do meu pai, que foi viajante a vida inteira. E, além de viajar, gosto imensamente de examinar dodges e outras antiguidades.
                            Por diversas vezes rodei o estado inteiro com alguns amigos interessados, que me pediam para acompanha-los em uma vistoria de algum dodge que achavam. Um cliente que em pouco tempo de convivência se tornou um grande amigo, foi o Geraldo Rosenttal. Este sujeito, assim como eu, adorava dodges. Acho que adora ainda!! Como a nossa região já estava bastante batida em termos da marca dodge, começamos a procura em lugares mais distantes, iamos cada vez mais longe atrás de novidades. E o território do Rio Grande é vasto!
                           Com ele fui a cata de peças e dodges por todo este enorme Rio Grande. Este sujeito é muito divertido e é um daqueles caras que não tem tempo ruim para ele. É um cara que fechou comigo, tem os defeitos dele, assim como eu tenho os meus, mas é uma amizade parceira, que deu certo!
                           E assim fizemos quando a nossa amizade cresceu, começamos a sair juntos para todos os lugares, sempre em busca de novos e diferentes carros. Teve uma época em que o Geraldo vinha todas as semanas à Taquara, por vezes, todos os dias. Também, seguidas foram as vezes em que nós iamos em encontros de carros.
                          Seguidamente ele vinha acompanhado de algum amigo, um destes foi o Iran, que também se tornou um grande amigo meu. Este por sinal, descobriu o blog à alguns dias atrás e entrou de seguidor. Nesta época eu quase não conseguia trabalhar, pois quando o Geraldo chegava , eu parava com tudo que estava fazendo e ficávamos jogando conversa fora, o dia todo.           
                          Não foram poucas as vezes em que ele vinha de manhã cedo, ao meio dia um tremendo de um churrasco, quando tomávamos várias e várias caipiras e voltávamos à oficina. Lá eu tinha uma cadeira antiga, de balanço, sentava nela e dormia uma boa parte da tarde, babando!! O Geraldo deitava dentro de um dodge ou de um galaxie e fazia o mesmo. Quando chegava a noite, nos tocávamos  a Porto Alegre ou outro lugar qualquer. Voltava para casa as 3 ou 4 horas da manhã. Foi nesta época em que o Geraldo me convidou para gerenciar uma oficina que estava montando com outro amigo em Campo Bom, lógico que não aceitei!! Ainda bem, ia ser uma falência coletiva!! O Geraldo e o sócio dele, Jocelito, só queriam saber de festas, seria uma oficina quebrada antes de abrir!! Hahahaha!
                          Praticamente todas as vezes que o Geraldo vinha me visitar, vinha de dodge, mas certa vez apareceu na oficina com uma Dodge D100, nova, mas nova mesmo! A pick-up tinha sido reformada recentemente, de cor vermelha, muito linda. Resolvemos aquela noite ir olhar uns pegas que estavam acontecendo em Porto Alegre, acho que foi em uma quinta feira. Saímos de Taquara e fomos jantar em uma churrascaria de Porto Alegre. Após jantarmos, andamos pela cidade inteira à procura dos locais pré-determinados, aconteciam pegas em vários lugares naquela madrugada, e eu na boleia da D100, que delícia!! Naquela noite, reencontrei um amigo que tinha feito na praia de Capão da Canoa, este, também, louco por dodge. A rapaziada aí de Porto Alegre deve conhecer o Túlio. Ele teve, entre muito dodges, um  Charger Vermelho dinastia ano 1975, o mais novo que já vi na vida.
                           Lá pelas 5hr, resolvemos voltar à Taquara, pegamos a freeway (BR290), estava clareando o dia, o horizonte mostrava que em pouco tempo o sol iria nascer. Um momento maravilhoso para pegar a estrada. Estávamos praticamente sozinhos na auto estrada. O momento me pedia para fazer uma coisa, então, perguntei para o Geraldo, como se fosse uma criança pedindo pirulito: "-Posso cravar no fundo para ver quanto ela dá? Posso?? Posso?? Posso???". Ele respondeu meio dormindo:"-A D100 é tua, usa como quiser". Pisei tudo, tinha um motorzão absurdo aquela Pick-up, era extremamente estável , dava uma segurança enorme dirigir.  Em poucos instantes o velocímetro, que marca 180km/h, ficou pequeno para a ótima D100. Acredito que ela deu uns 195Km/h. Fiquei abobado com a performance dela.
                          Naquela semana o Geraldo me ofereceu a Pick-up, mas para variar, eu não tinha dinheiro na época para compra-la. Falei para o meu irmão Diogo, sabia que ele tinha dinheiro, mas acabou não comprando, uma pena. Com certeza teríamos ela até hoje.
                          Certa vez , eu e o Geraldo, saímos sem destino por várias cidades do interior Gaúcho, andamos em torno de 1000km atrás de peças e carros. Os diversos ferro velho que existiam na região de Lageado RS e Estrela RS, eram fenomenais!!! Quando eu adentrava no interior deles, não queria mais ir embora. Vi dodges de todos os tipos, modelos, anos e cores. Tinham SEs, R/Ts, Darts, Gran Cupes e Sedans, de todos os anos e cores, praticamente intactos! Com motor, caixa, diferencial, suspensão, tudo no lugar. Atirados no meio do campo, vários, um ao lado do outro. Que cena chocante para os dias de hoje! E estas cenas foram vistas em vários locais. Acho que a venda de peças era muito pequena, combinado com a super-desvalorização dos dodges, então os carros acabavam sendo vendidos para os ferro velhos apenas por sucata, por quilo. Provavelmente a procura de peças praticamente não havia naquela região. O que se constatava com certeza, é que foi vendido muito dodge novo naquelas bandas.
                         Seguimos em frente e fomos a Soledade RS, local agradabilíssimo, gostei muito daquela cidade. Tinha um ferro velho na entrada da cidade, que estava já naquela época, com suas portas fechadas. Mas o proprietário, um senhor de idade bem avançada, ainda comercializava algumas peças informalmente. Quando entrei no patio deste ferroso, fiquei abobado. Tinham Impalas, Bel Airs, Dodges, Fords de todos os tipos e modelos. Centenas de carros das décadas de 50 e 60, e alguns da de 70. Aquelas imagens me faziam acreditar que a região foi muito próspera nas épocas passadas. Ficar ali dentro, era como entrar na máquia do tempo. Tinha um Impala SW, vermelho e branco, este carro estava atirado em meio a um capão de mato, dentro do porta malas, nasceu uma  árvore, que aos poucos foi tomando enormes dimensões. O tronco desta árvore, simplesmente arrebentou com a velha lataria. Ocupava praticamente todo o interior do carro, os galhos saiam pelas janelas.
                          Para o meu deleite, existiam ali também muitos Fords F100/350/600, todos repousando em um sono eterno. Contracenavam, tristes, com aquela paisagem maravilhosa daquele lugar! Tudo ladeado por muito mato. Todos ainda com seus vigorosos motores V8 a gasolina. Uma visão louca ´para um cara como eu que sempre gostou destas viaturas. Naquela época eu não tinha nenhum destes belos exemplares, mas, mesmo assim, comprei muitas peças destes caminhões para guardar, pois sabia que no futuro teria algum novamente, como realmente aconteceu.
                          Penso como todos aqueles carros foram parar naquele estado, acredito que a grande maioria deles, chegou ao ferro velho em ótimas condições. As décadas de sessenta e setenta foram cruéis com a maioria do carros antigos. Assim como as de oitenta e noventa foram o carrasco dos nossos dodges.   
                          Este Dart que conto a história hoje, foi comprado em uma viagem destas. Certo dia saí com um amigo para procurar dodges pelo interior do estado, no final do dia, acabamos chegando na cidade de Passo Fundo -RS. Ao entrar na cidade, estava findando o dia, já quase escuro. Procuramos então uma churrascaria, estávamos loucos por uma carne na brasa. Encontramos uma bem no centro da cidade, entramos e foram iniciado os trabalhos (Termo que costumo usar muito quando vou em um churrasco ou festa, para iniciar as bebidas). Depois de várias e várias caipirinhas, jantamos! Estávamos praticamente sozinhos no restaurante, não tinham mais do que dez pessoas jantando, então, quando o garçom que nos atendia vinha até nossa mesa, eu ficava lhe fazendo perguntas a respeito de dodges.


Lateral lisa, realmente um ótimo carro

E era integro dos dois lados!!! Tenho saudade deste carro!!
                                 Bom, conversa vai ,conversa vem, o garçom acabou me dando uma boa dica deste dodge. No outro dia fomos até o local indicado pelo nosso novo amigo. Que coisa agradável sentar em uma mesa de uma boa churrascaria, tomar uns tragos, ficar conversando sobre assuntos totalmente relevantes ao nosso gosto e desejo, ou seja dodges. Quem já experimentou sabe o que é! Eu tenho muita saudade desta época!
                                Olhamos o carro mas meu amigo não se interessou, pois o sonho dele era outro, queria um Charger. Então eu disse a ele que eu queria!! Olhei o carro e me agradei. Amor a primeira vista. O preço? Não lembro, mas foi bagatela, não mais do que alguns churrascos. O senhor que me vendeu este carro me contou que foi seu segundo dono, o carro foi comprado zero em Lageado. Dois anos após ter saído da agência, foi vendido para este senhor que eu negociei.
                                No fim da tarde, daquele mesmo dia, encostava mais um dodge em frente a minha casa! estava em Taquara novamente. Fiquei por um bom tempo com ele. Até que certo dia apareceu um cliente do interior do estado, queria presentear seu filho com um dodge, olhou e comprou!
                               Na próxima postagem conto a historia de um Charger RT 1977 vermelho Veneza, o primeiro de três iguais que tive, mesmo ano, mesma cor!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Ford Maverick GT 302-V8 1975 Vermelho Cadmiun

                                                               Meu 29° automóvel, 1° Maverick V8
                           Certa vez quando retornava de Porto Alegre, depois de mais um dia fazendo algumas entregas de peças, resolvi, não sei porque motivo, voltar à Taquara pela BR116 e não pela RS020 como era de costume meu. Em certa altura da viagem, avistei um Maverick GT parado em um picareta de automóveis.  O carro estava na cidade de Canoas-RS, no sentido interior capital, ou seja, sentido de quem vai a Porto Alegre, mas como eu sempre estava com os olhos voltados para as revendas, vi o carro! Já passava das 5:30 da tarde, mas mesmo assim, resolvi dar uma olhada de perto no Maverick.
                            Então, andei por mais alguns quilômetros até encontrar um retorno e voltei a revenda. Ao chegar lá estavam quase fechando as portas, mas o dono me atendeu prontamente. Conversamos, olhei o carro atentamente e me apaixonei. O carro era muito bom, pintura original em quase todo ele. Tinham sido pintadas algumas partes do carro, como a tampa do porta-malas, a porta esquerda, a saia dianteira e a saia traseira. O restante, totalmente com pintura de fábrica. Os estofamentos e as forrações das portas ainda eram originais. Também tinha as calotas e sobre aros originais. Era de um carro como este, que ha muito tempo eu sonhava e estava atrás.
                              O dono da revenda me disse que o proprietário do carro era um piloto da FAB, que servia na base aérea de Canoas-RS. Resolveu por o carro à venda, pois tinha comprado recentemente um Opala 4.1/S ano 1987. O preço pedido pelo Maverick era de Cr$............, conforme o recibo de compra abaixo. Perguntei ao homem se aceitava alguma troca, ele disse que sim., aceitava qualquer carro, desde que fosse de linha. Como eu estava sem dinheiro para comprar o carro na época, e não tinha um carro de produção em linha, fui embora.
                            Aliás, de todos os quase cem veículos que tive, nunca nenhum estava em produção quando os tive. O meu carro mais novo foi um LeBaron 1980! Hoje em dia, o meu carro de uso diário é uma Pick-Up Chevrolet C10, ano 1973. Como disse um amigo meu, a algum tempo atrás:"-Cuti, tu tem que ser estudado!!". Mas... posso afirmar para vocês, não ando em carro de plástico. E são inúmeros os motivos pelos quais não compro estas porcarias que existem por aí. Minha preferência sempre foi por carros antigos, e é crescente.
                            Conforme escrevi acima, o recibo de compra do Maverick GT:
Este recibo foi encontrado recentemente, poucos dias atrás, pela minha mãe. Estava dentro de uma gaveta na casa dela. Com toda certeza , vou emoldurá-lo e, posteriormente, vai para a parede do meu escritório! Junto a tantos outros raros papeis que tenho guardado.
                  Nos dias que se seguiram a isto, eu comecei, sutilmente, a tentar convencer a minha mãe que a troca do Chevette SL dela pelo Maverick GT seria um altíssimo negócio, pelo menos para mim! Alguns dias depois de muito chavecar as orelhas dela, ela estava convencida de que a troca seria um bom negócio. O problema maior seria como falar com o meu pai sobre isto, e pior ainda, convencer ele. Trocar um carro que foi comprado zero, com poucos anos de uso, por um carro velho, beberrão e fora de linha, não seria uma tarefa fácil. Eu achava que seria quase impossível convence-lo, mas... ledo engano meu. Quem não arrisca não petisca!
                   Alguns dias depois estávamos eu , minha mãe, e meu pai na praia de Capão. Tomei coragem e perguntei a ele se poderia fazer a troca, e ele me disse : -" Se a tua mãe concordar, pode trocar!"
                    Dois dias depois fui até a revenda em Canoas para tentar fechar o negócio. Naquele dia fui com meu Galaxie marrom, primeiro queria saber se o dono da revenda aceitaria o Chevette. Chegando lá, falei a ele que tinha um Chevette totalmente original e de único dono, etc, etc.  E lhe fiz a seguinte proposta, trocar taco a taco os dois carros! Eu sabia que para ele seria um negócio sensacional, pois ao certo eu deveria pedir algum dinheiro de volta, mas a minha ansiedade não me dava outra alternativa, parecia que eu estava com os olhos vendados. Eu queria aquele carro!! O picareta, como o próprio nome já diz, vendo minha ansiedade, me pediu ainda uma pequena quantia de volta. Eu não tive escapatória, aceitei! Ele então, aceitou a proposta de imediato, claro, pois o Maverick valia muito menos que o Chevette, sem contar que o Chevette seria um carro muito mais fácil de vender.
                     Então fomos dar uma volta com o Maverick para ver como estava. Rodava suave pelas ruas. Tinha a surdina original, e o motor era muito silencioso. O dono da revenda insistiu em andar com o carro por uma rua bem ruim, de paralelepípedos bem irregulares. O carro rodava sem fazer barulho algum, realmente era um carro bem íntegro. Combinei com o vendedor que no outro dia levaria o Chevette para uma avaliação. E assim foi.
                      No outro dia de manhã, pelas 7hr, eu, ansioso, estava lá com o Chevettão. Não tinham nem aberto ainda a loja. Assim que abriram, veio o vendedor sorridente (Ao certo pensando, o patinho chegou!!). Ele olhou o Chevette por alto, sem detalhar muito e me acenou positivamente. Eu até já esperava por isto, pois o Chevette era um carro imaculado de fábrica, sem ter levado sequer pequenos retoques na pintura. Ele também estava ansioso pela troca!! Meu coração batia descompassadamente naquela hora!!!
                      Fizemos a papelada e aí veio o melhor momento, o que a anos esperava!! Saí com o GT, quase não acreditava naquilo. Parei no primeiro posto de gasolina que apareceu na BR116, enchi o tanque e encostei o carro na lancheria do posto. Sentei em um murinho que tinha ao lado da lancheria, tomando uma Coca Cola bem gelada (Era um dia frio de inverno, mas eu suava por dentro!!). Fiquei sentado ali apreciando o Maverick, detalhadamente! O carro era inacreditavelmente lindo. Várias pessoas que passavam pelo posto de combustível, paravam e olhavam o Maverick. Pensei comigo mesmo:-"Ganhamos na loteria."
                       Saí do posto e peguei a BR116 alguns minutos depois. O carro rodava suavemente, mas ao menor toque no acelerador, erguia a frente pedindo passagem aos outros carros. Viagem maravilhosa, da qual jamais esquecerei. Quando cheguei em casa e entrei no pátio, minha mãe foi a primeira a vir me receber. Vi que o seu semblante mudou quando viu o carro pela primeira vez, nem ela imaginava que o carro fosse tão bonito. Ficou muito satisfeita com a troca!
                        Minha mãe andou com este carro por um ano, todos os dias. Lembro que ela sentia orgulho em dirigir aquela máquina, a cidade inteira comentava sobre a senhora que rodava em um Maverick GT 302-V8. Durante o ano em que andou diariamente com o Maverick ela recebeu centenas de propostas de compra deste carro.
                         Certo dia foi um vendedor de carros da Fiat lá em casa, convidaram ela à fazer um test drive em um fiat, acho que era um Uno. Primeiro ela disse ao homem que não estava interessada, mas o cara insistiu, então foi. Deu algumas voltas com o carro e voltaram lá para casa. O sujeito então lhe perguntou: "-Vamos fechar negócio??" Ela respondeu:-"Nem em sonho! O senhor acha que eu vou deixar de dirigir um V8 para andar em um Fiatzinho?? Impossível" O homem foi embora sem acreditar no que tinha escutado.
                        As vezes meu irmão Diogo pegava ele para fazer alguma viagem curta, tinha recém se formado na faculdade, e quando precisava, usava o Maverick. A minha irmã Fernanda, que já morava em Novo Hamburgo,também usou  o carro algumas vezes. Lembro que ela dizia: -"O que tem em baixo deste capô?? Como tem força !!" É, foi um carro que nos deu muito prazer, me deixou muita saudade!
                        Após um ano e meio da compra do carro, ofereci a minha mãe o meu Dart Azul Capri, ano 1978, em troca do Maverick GT. Queria deixa-lo na minha garagem junto aos meus outros Dodges. E assim fizemos!
                        Eu tinha gostado tanto deste carro , que comecei a usa-lo todos os dias. Fui com ele a todos os lugares. Usava a trabalho e a passeio em fins de semana.
Foto tirada em frente a casa dos meus pais, depois de uma lavagem completa. Estava anoitecendo.

Que foto!! Qua carro!!
                         Certa vez eu e mais alguns amigos tínhamos combinado um fim de semana na praia de Jardim do Éden, passando a cidade praiana de Tramandaí. A turma toda foi dividida em três carros. Foram junto comigo no Maverick dois amigos, o Eraldo Cannani e o Chico Pellegrini. Que eu lembre, foram o André Chupeta, vizinho lá de casa, o Marcelo irmão do meu amigo Kaka e mais alguns no Voyage do amigo Paulão,  e os outros em um carro que não lembro qual era. Tínhamos marcado de sair de Taquara, em uma sexta feira, pelas 5:00hr da tarde. Mas, como nunca se sai no horário combinado, desta vez também não foi diferente.
                         Tínhamos combinado de sair todos juntos, em comboio, mas o Paulão não aparecia no local combinado da partida. Como nesta época ainda não existiam celulares, demoramos um pouco até saber o que havia acontecido. O Paulão tinha ido a um supermercado fazer algumas compras, e esqueceu a chave dentro do porta malas do carro.
                           Fomos todos para lá tentar abrir o bendito porta malas do Volks, a pendenga acabou se resolvendo pelas 9:00hr da noite. Como já era tarde, eu disse:-" Vamos nos mandar!!! E aí alguns já gritaram que tínhamos que ir devagar, sem correrias e tal e coisa e coisa e tal. Bueno, então eu disse que eu , e os que fossem comigo, iriamos esperar os outros lá na praia!!! Eu, o Eraldo e o Chico nos mandamos.
                           Em poucos instantes não via-mos mais nenhum deles atrás de nós, seguimos pela RS020 em direção a Gravataí RS, para depois pegar a auto estrada BR290 em direção a Osório-RS. De Taquara até Gravataí andávamos em torno de 120km/h, pois a estrada é simples e com muitas curvas. Quando peguei a auto estrada, já sai dando mais gasolina no Maverickão. O Chico estava sentado na frente e o Eraldo atrás. Ponteiro do velocímetro não baixava dos 150km/h. Logo após o pedágio, estávamos andando em torno de 150km/h, em seguida notei pelo espelho retrovisor, que um par de faróis se aproximavam lentamente do nosso carro. Avisei meus comparsas que ficassem atentos, porque um provável inimigo se aproximava. Continuei na minha marcha, ou seja, entre 145 e 150km/h. Em poucos instantes as luzes começaram a chegar perto e deu para identificar o carro, era um Opala Comodoro 4.1 a álcool. Ano 85 ou 86.
                           Deixei ele se aproximar bem do Maverick e quando estava praticamente ao nosso lado, pisei tudo no acelerador. O Opalão acabou passando por nós, pois vinha bem embalado e imprimindo sua provável velocidade máxima. Quando o carro estava ao nosso lado, nos ultrapassando, vimos que tinham dois caras sentados na frente, e no banco traseiro do Opala estavam três gurias. Estas olharam para nós, davam risadas e acenavam dizendo tchau!!! Disse a meus amigos: -"Mas que desaforo!!! Vamos dar uma lição nessas patricinhas!!!Ficamos todos loucos dentro do Maverick, o meu pé direito quase estourou o assoalho, pressionando o acelerador do Maverick.
                           Em questão de alguns instantes, o ponteiro do Maverick marcava 200km/h, e estávamos praticamente colados no Opala. Quando nos aproximávamos do carro, conseguíamos ver as três cabecinhas das gurias viradas para trás, abanando. O Opala por vezes largava pedacinhos de ferrugem misturados a uma leve fumaça cinzenta pelo cano de descarga. Notava-se nitidamente que o motorista do carro também estava com o pé atolado no fundo! Mas não deu para ele, nós passamos em grande estilo, com sobra de potência. O Maverick passou pelo Opala, no mínimo uns 20km/h a mais. E aí comecei a brincar com eles. Sumia na frente e tirava o pé, quando ele voltava a se aproximar, eu dava no fundo e o Opala não conseguia nos passar. O Opala por duas ou três vezes chegou na Porta do Maverick, mas sem conseguir o seu objetivo, e aí, nós é que abanávamos para elas. Seguimos assim até a entrada de Osório, o Opala seguiu em direção a Torres RS, pela BR101, e nós seguimos em direção a Tramandaí.
                            Chegamos a praia de Jardim do Éden pelas 11:00hr da noite, tivemos de esperar quase uma hora na entrada  da cidade, até que os outros apareceram. Passamos um fim de semana sensacional, movido a churrasco e cerveja. No sábado de tarde estávamos dando umas voltas com o Maverick pelas ruas da praia, quando passei em frente a uma linda casa, esta tinha um enorme gramado na frente. Subi com o Maverick no gramado e fiz uns trinta zeros em cima. Praticamente não sobrou grama nenhuma. Se algum de vocês, que estão lendo isto, for o dono da casa, me perdoem pelo gramado. Prometo que hoje em dia não faço mais isto.Hehehehe!!
Pronto para ganhar a estrada, lavado e encerado!

Esta foto foi tirada dentro de um enorme pavilhão, este, foi  o endereço da minha segunda oficina, logo que saí da casa dos meus pais. Era um local enorme, muito bem fechado. Tinham vários e vários dodges lá dentro. Pena não ter tirado muitas, centenas, milhares, fotos naquela noite! 
                           Lembro quando a minha namorada, hoje mulher, Valquíria dirigiu pela primeira vez o Maverick, ela simplesmente ficou encantada com o desempenho do carro. Me disse que jamais havia dirigido um carro tão gostoso. O automóvel tem um tamanho médio, andar macio, e de muita potência. Lembro dela comentando com o pai e também com inúmeras pessoas o prazer de pilotar um Maverick. Na noite em que esta foto aí de cima foi tirada, dentro do pavilhão em que eu tinha oficina, nós dois havíamos tomado umas cachaças a mais, a Valquíria entrou dentro do Maverick, ligou e começou a fazer zeros dentro do pavilhão. Este tinha um pilar, bem no centro, ela começou a andar em volta do pilar, cada vez mais rápido, achei de certeza, que aquele dia ia cair o pavilhão. Mas não aconteceu. O carro quase andou em duas rodas, mas nunca perdeu a trajetória. O que faz a manguaça maldita!!!
                           Certa madrugada estávamos andando à toa pela RS115, estrada que liga Taquara a Gramado, ela dirigindo. Derepente encostou ao nosso lado um Uno 1.5R, recém lançado. O cara encostou ao lado do Maverick, deu um pisão no fundo e acelerou. Falei imediatamente a minha namorada, pisa!!! Ela meio receosa, não acelerou, então, imediatamente e simultaneamente, passei minha perna por cima do console central e afundei meu pé esquerdo em cima do acelerador, ao mesmo tempo segurei o volante com minha mão esquerda. O Maverick levantou a frente imediatamente. O Uninho ficou para trás. Minha namorada ficou tão nervosa que quase brigamos, mas naquela época eu não suportava uma provocação daquele tipo.
                           A minha primeira desilusão com o Maverick aconteceu em um dia que tive de ir as pressas a Porto Alegre. Tinha vários cheques para serem descontados na cidade, e precisava do dinheiro naquela dia, então resolvi ir a cidade para desconta-los direto no caixa dos bancos. Saí de Taquara ao meio dia e precisava estar de volta a tardinha, daria tudo certo se não houvesse imprevistos. Fui a Porto Alegre de pé em baixo, descontei todos os cheques e comecei a voltar. Quando estava na cidade de Novo Hamburgo, vindo pela RS239, a uma velocidade de 180km/h, senti que o Maverick começou a diminuir a velocidade. Parecia estar sendo travado. Eu estava com muita pressa, então pisei tudo no acelerador, mas o carro continuou diminuindo a velocidade até parar na rodovia. Assim que parou, o motor estava trancado. Literalmente fundiu uma biela, nunca tinha visto nada igual!!
                             Bueno, motor trancado, e eu atrasado. Graças a Deus consegui uma carona com um amigo que passava pelo local, voltei a Taquara, e resolvi minhas pendengas. Já era noite quando cheguei com meu amigo Leandro Pellegrine ao local onde estava o Maverick. Levei um cambão e rebocamos o falecido para minha oficina.

Aqui nesta foto, já estou em meu terceiro endereço de oficina. Ficava dentro das dependências de uma grande fábrica de cabos de madeira, para ferramentas. Ficava de frente para a RS 239, estrada que liga Taquara a Rolante. Notem que nesta foto aparecem dois outros dodges meus. Ao lado do Maverick tem um Charger RT 1976 branco, e atrás um Charger RT 1978, azul Capri. No local onde eu estava parado tirando a foto, ou seja , na frente do Maverick, tinham mais três dodges. Um Charger, um Gran Cupe e um Dart! Fico louco olhando estas antigas fotos!
                          O Maverick acabou ficando por meses parado, não tinha tempo para arruma-lo. Foi nesta época que iniciei a maior empreitada da minha vida, tinha recém adquirido dois terrenos onde iria começar a construir minha casa. Precisava juntar muito dinheiro para começar a construir o meu tão desejado lar. Esta foi uma época em que vendi vários carros que tinha para levantar dinheiro. Foram dez anos da minha vida envolvidos na construção. Mas valeu a pena.
                          Bom, como precisava de dinheiro, resolvi colocar um outro motor no Maverick. Tinha alguns 302 de Galaxie razoáveis. Então fiz isto. Depois de pronto, levei o carro a Porto Alegre e negociei ele com meu amigo Ferrari. Peguei na troca do Maverick uma Rural Pick-Up F-75 6cilindros 4x4, ano 1971 bege, no valor de US$1000,00 e mais US$4800,00 em dinheiro. Foi uma ótima venda. Mas o Maverick valia cada centavo pago.
                           A bem pouco tempo atrás, descobri o paradeiro deste Maverick, ele ainda está com placas amarelas, abandonado em um galpão do interior. Consegui entrar em contato com o proprietário atual e por telefone passamos a conversar. Ele me disse que comprou o carro em 1993, andou com ele algum tempo e o mesmo fundiu o motor. Então levou o Maverick para um sítio, onde está guardado até hoje junto com um outro Maverick, também V8, só que do modelo Super Luxo, ano 1976. O atual proprietário, é uma pessoa muito gentil e de uma agradável conversa e de poder aquisitivo alto. Portanto não tem muito interesse na venda. No final do ano passado, me convidou a ir ao sítio para ver os carros. Fui até lá e me reencontrei com o meu velho amigo. Está em um galpão, cheio de pó por cima. Mas em local seco e seguro. Fiz uma propósta de compra dos dois Mavericks, mas até o momento não tive resposta.
                       Algumas das fotos que tirei recentemente do Maverick em minha visita ao sítio onde ele repousa.


Parado, em repouso , desde 1993. Muita poeira por cima, muita história por baixo!! Falta o friso do capô!!!

Nesta foto mostra bem como os proprietários das décadas passadas descaracterizavam seus carros. Aqui nesta imagem, as rodas gaúchas! Além destas, foram trocadas várias coisas deste carro depois que o vendi! As lanternas traseiras são do modelo 77/79. A direção foi trocada por uma imitação barata dos GTs 77/79. Os bancos, que eram maravilhosamente originais, foram trocados por bancos de Gol GTI (nojo)!! O atual dono me falou que comprou o carro exatamente como está. Eu vendi o carro em 1992, totalmente original!! Então se conclui, que em apenas um ano e pouco, algum babaca, trocou uma enorme quantidade de peças originais por lixo!! Pois o carro está parado desde 93. Imaginem se estivesse rodando por toda a década de 90?? Como estaria hoje se não tivesse sido encostado?? 

Pelo menos está bem guardado em um local coberto e seco!

Vai precisar de uma reforma total, mas esta, com certeza eu abraço com muito gosto!
                            Então, estou no aguardo, não quero ser cansativo. Este senhor sabe das minhas intenções de recomprar o carro, me prometeu que quando for vender, vou ser o primeiro a ser avisado. Estou no aguardo! Por favor!!!Pelamordedeus!!! Quero ele de volta!!!
                            Na proxima postagem outro Dart, um 1973 branco  

segunda-feira, 6 de junho de 2011

LeBaron 1979 Branco Ártico- Charger L/S 1974 Amarelo Cítrico - Charger R/T 1976 Vermelho Veneza

                           Semana passada um antigo cliente me mandou seu Dodge Magnum para uma revisão de motor e suspensão. Também para a colocação do vidro da porta esquerda, este foi quebrado em um posto de lavagem!!!! A primeira coisa que perguntei a ele:"-Como os caras conseguiram quebrar o vidro da porta??". Além de grosso é pequeno!!. Nem ele soube me responder, estava puto da cara!
                          Já na segunda de manhã, bem cedo, o Mario Buzian (http://dartsumatra.blogspot.com/ )  me ligou, ele e o amigo Maurício Silveira( http://showroomimagensdopassado.blogspot.com/ ) , queriam vir até aqui fazer um churrasco. E assim fizemos. Na terça meu cliente veio com o Magnum,  o que me ocupou o resto da semana. Terminei o serviço na sexta (03/06).
                           Quando o meu cliente veio buscar o Magnum na sexta à tardinha, conversamos por quase duas horas. Praticamente 70% do assunto foi dodge. Aí ele começou a lembrar de coisas do passado, no tempo em que se usava dodge diariamente para trabalhar e também passear. Durante esta conversa, me perguntou quais as coisas mais absurdas que eu tinha trocado nos anos de oficina. O que mais tinha me assustado ver estragar nos dodges.
                            Comecei então a lembrar de uma época muito bonita, de muito trabalho prazeiroso, em que na minha oficina, sempre tinham no mínimo dois ou três dodges de clientes para algum conserto. Logo lembrei de algumas peças quebradas que guardei de lembrança.
                            Tirando a manutenção do motor e suspensão, quase sempre as coisas a serem arrumadas eram as mesmas. Cada carro tem seus pontos fracos, coisas que estragam mais facilmente, e outras que nunca estragam. E estas os dodges tem bastante!!
                            Mas aí lembrei de algumas peças inusitadas que tinha guardado em uma caixa, de anos e anos atrás, peças estas que tinham realmente me impressionado na hora de troca-las. São elas:
Barra de torção da suspensão dianteira quebrada. Acho eu que troquei umas duas nestas condições, em toda minha vida! Pode causar um grave acidente ao quebrar.

Braço Pitman, da barra de direção, esta nem se fala, se quebrar rodando, fica sem direção! Lembro de ter trocado uns dois ou três nestas condições.

Pivô da balança superior, caso único em anos e anos de oficina. O normal é se desgastar e criar folga, pode até, em casos extremos, saltar a rótula, mas quebrar o pino?? Nunca! Perigo total! 
                                            A trinca de dodges
                           Certa noite de um domingo chuvoso de inverno, exatos vinte e dois dias após ter comprado o Charger R/T Vermelho Riviera, narrado na postagem passada, um grande amigo e olheiro de dodges que eu tinha na cidade de Capão da Canoa me ligou, estava ansioso. Disse-me ele que tinha encontrado um Dart abandonado na cidade. Perguntei a ele alguns detalhes do carro e marcamos um encontro. Quinze dias após, fui ate lá.                
                           Chegando na cidade, fui direto olhar o carro e falar com o dono. Na chegada já vi que o carro em questão era um LeBaron e não um Dart. Então, antes de saber qual era o valor pretendido pelo proprietário, já me fiz de desinteressado. Pois queria depreciar o máximo o valor. Disse eu ao proprietário que tinha vindo atrás de um Dart e não de um LeBaron. Depois de muita conversa, este me disse que além do LeBaron tinha outros dois Dodges. Mas estes estavam parados a muitos anos e seriam carros só para tirar peças, portanto em um primeiro momento, não tinha intenção de vender. Mas tudo dependeria de uma propósta.
                            Depois de horas jogando conversa fora, e como não mostrei interesse no LeBaron, ele acabou me oferecendo os três. Os dois outros não estavam na cidade, e como já estava quase anoitecendo, marcamos para olhar no outro dia. Fui para a casa dos meus pais em Capão e não consegui dormir a noite toda, só pensando nos três Dodges. Noite angustiante, não terminava nunca, resolvemos fazer um bom churrasco, tomar uns tragos e conversamos muito lá em casa para passar o tempo. 
                             Bueno, amanheceu o dia e ao invéz de ir correndo a procura do sujeito, não fui. Queria que achasse que não estava interessado. Deixei a manhã transcorrer, almocei e lá pelas duas da tarde, passei na casa do homem para lhe dizer que estava indo embora, tinha desistido da compra. Ele prontamente insistiu, me dizendo que faria um ótimo preço para a "frota toda", que seria um negócio imperdível para mim. Então eu dei a última cartada, muito perigosa, pois quem poderia querer desistir era ele. Fui quase categórico em não aceitar, disse que seria um dinheiro posto fora comprar os carros no estado em que estavam e que a minha situação não estava das melhores em termos de dinheiro. Mas ele repetiu, vamos fazer negócio! Disse ele:-"Eu não quero mais estes carros, se não vender pra ti, vou joga-los no mar"! Bom, aí mudou de figura!!
                               Fomos então olhar os outros dois carros, estavam em uma pequena praia, que fica à alguns quilometros de Capão, praia do Barco. Esta praia era muito pequena, na época, tinham apenas algumas poucas ruas e também poucas casas, era uma prainha quase que exclusiva de pescadores. Alguns minutos depois chegamos em frente a uma casa praticamente abandonada. A areia da praia adentrava em seu quintal. A rua que ficava na frente da casa estava praticamente coberta de areia, tivemos de deixar o nosso carro na rua de trás. Lembro como se fosse hoje, era um chalé amarelo, bem ruim, quase caindo. Ao seu lado, havia uma enorme garagem com duas portas grandes fechadas por um cadeado. O chalé ficava de frente para o mar, entre os dois somente haviam os bancos de areia. Ao abrir as portas da garagem, dei de cara com dois Chargers, um L/S 1974 amarelo e outro R/T 1976 vermelho.
                             A alguns dias atrás estive lá, na esperança de tirar uma foto deste chalé, infelizmente não existe mais. Quase não achei o local exato, pois a prainha se desenvolveu muito, mudando toda a sua geografia nos últimos vinte e poucos anos.
Este são os restos mortais dos dois Chargers. A frente vermelha de um e o para lamas amarelo do outro encima. Foto tirada à alguns anos atrás

A dianteira veio inteira em cima do meu reboque, notem que o volante do 76 já não era mais o original

O paralamas do amarelo e o do vermelho
                            Os três dodges estavam bem ruins de lata, mas especialmente estes dois, estavam deploráveis. O LeBaron até seria bem fácil para recuperar, mas os Chargers realmente não valeriam a pena. Os dois estavam naquela garagem a mais ou menos seis anos, e apesar de não estarem ao relento, sofriam os pesados efeitos da maresia, que, dioturnamente, vinha do mar. Disse-me o homem que quando comprou os dois Dodges, estes estavam bons, tinha ele muitos sonhos de manter aqueles carros. Mas agora, passados muitos anos da compra, não tinha mais condições de mantê-los, até pensou em reforma-los mas não dipunha de recursos para isto. Me contou a sua história de vida, muito difícil naqueles tempos.
                           Acabei ficando com pena do sujeito, me arrependi de ter feito um jogo para a compra dos carros. Comecei a imaginar  e entrar nos sonhos perdidos dele. Como a vida é injusta para milhões de pessoas neste mundo. Todos nós temos sonhos, alguns realizáveis outros não. Mas para a grande maioria dos trabalhadores deste Brasil, os sonhos infelizmente nunca se realizam. É triste!
                          Depois de olhar detalhadamente todos os três Dodges, disse a ele que fizesse um preço justo pelos três. Ele me fez a seguinte proposta ":-Me paga o valor que te pedi pelo LeBaron e leva estes dois de graça". O valor proposto por ele, foi de CR$300.000,00. Uma bagatéla!! O valor era equivalente ao preço de uma bicicleta Caloi10.  Peguei o meu talão de cheques e preenchi uma folha com o dobro do valor. Comprei os três Dodges e ganhei mais um amigo!
                         No mesmo dia levei o LeBaron para a garagem da casa da praia dos meus pais. Passei o resto do dia e a noite pensando como faria para transportar os dois Chargers daquele lugar.
                         Amanheceu o dia e fui até a casa onde eles estavam para ver como faria para transladar os dois, pelo menos até a casa de Capão. Não foi uma tarefa fácil! Passei  praticamente o dia todo arrumando coisas nos dois, para poder leva-los para casa. O que deu mais trabalho foram os freios, estavam totalmente trancados. Acabei tirando as pinças e tambores de freio para liberar as rodas. No final do dia estavam prontos para serem levados a garagem da casa da praia. Reboquei os dois Chargers com o próprio LeBaron. O L/S amarelo, por muito pouco, não partiu-se ao meio no trajeto até a casa dos meus pais. Quando encostei ele no fundo do pátio, já não abria mais as portas.
                         No outro dia de manhã tranquei a casa e voltei a Taquara. Tinha muito serviço atrasado por fazer na oficina. Então deixei para resolver depois o que faria com os três.
                          Passados alguns dias, tinha pensado em trazer os três de uma só vez. Iria com dois amigos a Capão, faria uma revisão no LeBaron e então ele mesmo rebocaria os dois outros Dodges, de uma só vez. Faria um minhocão na estrada, tipo os caminhões bi-trem de hoje em dia. Só tinha uma dúvida, se o LeBaron aguentaria uma viagem de cento e setenta quilometros rebocando outros dois dodges. Não me agradava a idéia de ficar com os três estragados na estrada. E esta viagem deveria ser à noite, pois os documentos dos três carros estavam atrasados e eu não tinha a mínima vontade de coloca-los em dia. Outro grande problema era que os dois Charger não tinham freio, isto é muito perigoso, pois em uma eventual parada de emergência os dois de trás arrastariam o LeBaron.
                          Até então, eu já tinha feito várias vezes transporte de carros com cambão, mas sempre com apenas um sendo rebocado. E outra dúvida era se o Charger amarelo não se quebraria ao meio durante a viagem.
                           O tempo foi passando e ninguém lá de casa me dando força para a empreitada, todos achavam suicídio. Então acabei por desmancha-los lá mesmo. Comecei a ir mais seguidamente a Capão, e cada vez que ia, voltava com o carro cheio de peças. Por duas vezes fui com um reboque, sempre vinha carregado com um pedaço de algum. Em pouco tempo não tinha mais nada lá. A última viagem que fiz, eu vim com o LeBaron carregado com as últimas peças dos outros dois.
                            Alguns dias depois comecei a arrumar alguns podres que o LeBaron tinha, dei uma arrumada superficial e dois meses depois vendi o carro para um cara da cidade de Gramado.
                            Na proxima postagem conto a história do Maverick 1975, GT 302-V8