sábado, 4 de dezembro de 2010

Charger R/T 1975 Vermelho Azteca

                   Tinha um cliente na cidade de Parobé, de nome Carlos, que tinha um Dart 1980 Azul, que regularmente vinha na minha oficina, tanto para realizar serviços no carro como para conversar. Ótima pessoa, tive o prazer de conhecer toda a familia dele, dos quais, a muito tempo não tenho contato.
                   Quase todas as vezes que vinha na oficina trazia junto um amigo, se não me falha a memoria, se chamava Vanderlei. O cara era apaixonado por Dodge, era uma daquelas pessoa que realmente tinha loucura pelos carro da marca Dodge. Todas as vezes que vinha, me perguntava se eu não sabia onde poderia encontrar algum para comprar.
                    Passados algums meses, apareceu aqui na oficina me contando que tinha acabado de comprar um Charger RT na cidade de Nova Petrópolis, e que em breve traria o carro para fazer uma revisão.
                   Uma semana depois apareceram os dois aqui (Vanderlei e Dodge). Depois de uma boa olhada no carro, eu lhe disse que, a princípio, o carro não era grande coisa. Isto se falando para aquela época,  hoje realmente seria diferente. O carro tinha várias coisas por fazer. A parte eletrica era realmente muito ruim, aparentemente tinham havido alguns curtos e o chicote de fiação estava todo cortado e remendado. A lata era bem surrada, com bastante massa plástica e o motor ruim. Para completar o "pacote", haviam tirado a caixa de 4 marchas e colocado uma de 3marchas, do Dart. Também haviam tirado o setor hidráulico de direção e colocado um mecânico. Resumindo: Provavelmente tinham usado este carro para incrementar outro, depenaram o máximo e venderam.

Foto em que o Dodge ainda rodava, e como pode ser notado, aparentemente estava bom. A pick-up C10 ao lado, era do meu sogro senhor João Luis Amavel Marcos. E hoje ainda está comigo
                      Mas mesmo assim ele estava muito satisfeito com o carro, apesar  do fato de ele não dispor de recursos para investir no carro, me disse que aos poucos iria colocar o carro de novo em forma.
                      Naquele dia me deixou o carro para fazer uma pequena revisão no motor e dar uma boa revisada na suspensão.
                       Passado algum tempo, apareceram Vaderlei e Carlos na oficina para conversar. Conversa vai, conversa vem, ele acabou me confessando, que passada a euforia dos primeiros tempos com o Dodge, ele estava meio que decepcionado, pois o carro tinha muitas coisas por fazer. Alem de não ser prazeiroso de andar, como é bem comum escutar : carro muito chacoalhado. Ele tambem não tinha grana para arrumar. Resumindo, queria vender.
                       Bem , eu disse a eles como repito até hoje, todo o tipo de carro pode ser restaurado, por mais avariado que esteja. Tudo depende de dois fatores cruciais:
                       Primeiro: O quanto em dinheiro que se tem para gastar.
                       Segundo: O tempo que se tem para realizar o trabalho com qualidade.
                       Disse a ele que o melhor seria vender este carro e comprar um melhor, pois tinha uma oferta muito grande de Dodge para venda. Ou talvez procurasse um picareta de automóveis para tentar uma troca.
                       Passado mais algum tempo, o Vanderlei veio até a minha oficina e me ofereceu o carro, na condição de que quando eu tivesse algum em boa estado , que venderia para ele. Fechamos negócio e fiquei com o Dodge.

Foto com o carro já desmanchado, empilhado em cima de um Galaxie no pátio da minha oficina. O Dodge Charger que está com reboque, foi outro ano 77, que ainda vai ser postado. Com pode ser notado , teto branco.
                      Por algum tempo tentei vender  o carro, mas não apareceu nada de concreto. Então fiquei rodando por alguns meses e decidi que quando precisava de peças de reposição para algum cliente, tirava do Charger. Mas logo que me aparecia a peça que tinha tirado, recolocava de volta e continuava rodando. Por alguns meses mantive esta tática e depois comecei a desmancha-lo por completo.
                      Para se ter uma idéia de como o carro era mexido, quando vendi as rabetas traseiras do teto e tirei o vinil, vi que o carro não era bordõ e sim branco. Bem mais tarde quando tirei o motor, vi que tambem não era o dele e sim um do Dart. Portanto um carro bem futricado!!
                      Muitas pessoas me condenam por ter desmanchado tantos Dodge, foram 27 ao todo, fora os que comprei pela metade, já picados, que arrecadei em ferro velho e garagens particulares. Peças então, milhares, novas e usadas.

Bela foto, F-600 militar V8. O Chevette era da minha irmã Anelise
                       É que o pessoal tem que entender uma coisa, naquela época a oferta de peças era quase inexistente, mas em contra partida a oferta de Dodge (carros) eram absurdamente grandes. Tinha muito mais carro do que peça. E outra coisa, em cada Dodge que eu desmanchava  eu amealhava 50 vezes o valor que tinha pago pelo carro. Então foi assim. E é também por isto, e pela minha grande obstinação em catar peças até hoje, que tenho um dos maiores estoque de peças de Dodge do Brasil. Quem me conhece sabe o que eu estou falando.
                       Para se ter uma idéia da procura por peças na época, em mais ou menos um mês eu vendia um Dodge inteiro em peças. Era uma procura muito grande, pouca peça e muito carro. Eu não négo que dos Dodge que desmanchei, teve alguns que me arrependo e gostaria de te-los na minha garagem hoje. Portanto ninguem precisa me condenar, eu mesmo o faço.
                       Mas , absurdo mesmo eram os shock cars, ou provas de demolição. Destruiam os Dodges por prazer, ao contrario , eu desmanchava para outros poderem rodar
                      Vejam estas fotos:

Charger 1971 brigando com Dart sedan

Galaxie destruido

Guerra de Darts

Charger 1971 contra Dart

Galaxie e Dart
                       Em alguma postagem próxima, vou relatar o Dodge que vendi para o amigo Vanderlei, mas isto fica mais para a frente. Na próxima postagem escreverei sobre o único Dodge 1800 que tive, que na década de oitenta, estava pronto para receber um motor 318-V8.