terça-feira, 23 de novembro de 2010

Honda ML 125 Prata

                      Esta foi uma época em que a minha oficina estava a pleno vapor, com um elevado índice de serviço. As vezes chagavam a ter quatro ou cinco carros na fila de espera, o pátio da oficina estava quase sempre lotado. Isto tudo por eu sempre ter trabalhado sozinho, sem empregados. Como sempre priorizava os Dodge, acabava por ter de dispensar e até perder algumas reformas de outros carros.
                     Na ocasião, apareceu um cliente com um Dodge Polara GLS, de cor branca, acho que ano 80 ou 81. precisando de uma reforma completa em seu motor. Após desmontagem de todo o motor,  foi constatada a secessidade de uma reforma geral.  Como o amigo não dispunha de muitos recursos na ocasião, pois trabalhava no setor de produção de uma indústria calçadista da região, ficou acordado entre nós, que entraria no negócio uma moto Honda 125. A primeira das quatro motos que tive.
                      Como eu já tinha uma certa experiência em "pilotagem" de moto, aceitei de imediato o acordo. Achei bem interessante a idéia de ter um veículo bem econômico para fazer meus serviços de rua (buscar materiais, peças, tintas, procurar carros entre outras coisas)
                      Lembro bem a época em que aprendi a dirigir moto, foi com uma Yamaha TT125, de um amigo que tinha em Taquara.  Conhecido pela alcunha de Gordo, foi muito camarada na ocasião deixando eu e meu outro amigo Ganso aprender na moto dele. 
                      Juntamente com o amigo Gordo, passei uma das piores experiências da minha vida, em uma tarde de sábado, para ser exato,03 de maio de 1986, nos acidentamos quando retornavamos da praia de Xangrilá. Nós estavamos em um Passat do pai dele e batemos de frente em um Chevette. Resultado, quebrei o osso Úmero e de lambuja levei setenta e dois pontos na cara. Ficou lindo, imaginem . Mas como tudo nesta vida passa e tudo é aprendizado, isto passou e aprendi bastante.
                      Mas voltando a moto TT125 do Gordo, eu e o Ganso aprendemos praticamente juntos a dirigir moto. Locais que me lembro bem, eram: Nos fundos da Fábrica de Máquinas Max Badermann e o outro local que lembro bem era perto da "falecida" sociedade GEU. Mais ou menos entre o colégio Sta Terezinha (famosa lomba do Santa)e  o GEU.
                      Não lembro de ter levado nenhum tombo feio, mas do prazer de pilotar moto e do imenso prazer da companhia dos meus amigos, isto jamais vou esquecer. Como davamos risadas, qualquer motivo era um riso. Que época. Não sei bem se foi nesta época que o Eraldo Canani tinha uma Yamaha RX180 e o Tiago Seger uma CB400. Os dois sempre se "bicando", lembro o dia de um peguinha entre os dois, em frente a casa do Ganso, na rua Ernesto Alves. Quase morremos de rir.  Quem assistiu sabe o que estou falando. O maior crime de todos os tempos foi não termos tirado centenas de fotos. Era muito difícil alguem com máquina fotográficana época

Foto tirada pela minha mãe, meu sobrinho Lucas no meu colo. Ao fundo Maverick Sedan Super Luxo 1974 V8 hidramático
                       Quando o cara é novo, gurizão, tem uma sede enorme de aprender coisa novas. Dirigir carro é um sonho, moto então, nem me fale.
                       Bom, voltando a realidade... (mas sem querer voltar) A minha Honda ML125 era bem inteira de motor, mas o tanque tinha pequenos amassados e no bocal da gasolina, a tinta estava descascada. Conforme ia arrumando os carros dos clientes, também comecei a preparar o tanque para receber uma nova pintura. Em torno de um mês depois pintei a moto. Ficou novinha
                         Para variar um pouco, ela não esquentou nas minhas mãos. Ao todo acho que fiquei dois meses com ela e passei nos cobres.
                         Não sei como tenho esta foto,  mais uma vez agradeço a minha mãe por esta imagem.
                         Bom, na próxima postagem volto a escrever sobre o fóco principal deste blog: Dodge. Um Charger RT 1975 bordõ.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Charger R/T 1977 Automatic Branco Valencia

                A compra deste Charger R/T foi meio que ... despretenciosa, se deu o fato de eu ter ido a Porto Alegre entregar um Dodge Magnum de um cliente, e como de costume, eu entregava o carro no endereço do cliente e sempre andava um bom trecho do caminho de volta até a rodoviária a pé. Vinha perambulando pelas ruas e avenidas da grande cidade, sempre com os olhos extremamente aguçados nas arruelas e garagens escondidas.
                 Foi aí que avistei o cantinho de uma lanterna traseira bem familiar, a minha visão predileta em materia de carros, a visão perfeita para os meus olhos, ou seja, um Dodge.  O carro estava repousando dentro de uma garagem coberto por muita poeira. Da rua, a primeira vista achei que era da cor bege ou talvez amarela, cores que posteriormente não se confirmaram.

Dodge saindo no portão da minha primeira oficina, localizada no patio da casa dos meus pais
                 Muita ansiedade,  coração acelerado, bati na porta da casa sucessivamente, quase que botando a mesma abaixo, mas sem resposta aos meus apelos, anotei o endereço e fui embora. Uma semana depois fui até lá e tive melhor sorte. Encontrei um senhor de idade bem avançada, chamado Guilherme, dono do carro. Perguntei a respeito do carro e ele me respondeu que não andava com o carro a mais de um ano, disse-me que não se achava mais em condições de dirigir, já tinha tentado vender o carro diversas vezes sem sucesso, pois ninguém queria pagar um preço justo pelo carro, então resolveu deixá-lo na garagem.
                  Perguntei o preço que ele achava justo receber pelo carro, o que me disse foi abaixo do que eu estava disposto a pagar, parece-me que foi a quantia de "Um mil e seiscentos cruzeiros ou Um milhão e seiscentos mil cruzeiros". O nosso dinheiro teve tantos nome e perdeu tantos zeros que nem lembro mais. Bom... fechamos o negócio ali mesmo, na pequena varanda em frente da casa do senhor Guilherme.

Para variar um pouco, o meu sobrinho Cristóvão no meu colo, querendo pegar o volante
                   Quando tirei o carro para fora da garagem tive duas grandes surpresas. A primeira foi que o carro estava equipado com as cobiçadas rodas Magnum e a segunda foi o estado do carro, simplesmente perfeito, bancos originais, rádio Chrysler, ar condicionado, resumindo um carro perfeito.
                    A minha viagem de volta a Taquara com o carro foi super prazeirosa,  o Dodge era como novo, não fazia sequer um barulinho. Impecável tanto no acabamento interno como no externo, impecável de motor e também na caixa automática, que fazias trocas de marchas muito suaves. Havia sido a minha melhor aquisição até aquele momento.

Foto tirada pelo senhor Joel, pai do meu grande amigo Carlos (Ganso). Eu estava chegando em frente a casa do deles. Na foto estamos eu, Ganso de camisa quadriculada, e nosso amigo André de vermelho
                    Com nunca havia possuido, nem ao menos dirigido um carro automático, aquela foi uma grande novidade. No começo tive um pouco de receio em relação a durabilidade da caixa, muitas pessoas me falavam dos problemas que por ventura poderiam aparecer, que eu deveria vender o carro o quanto antes, e que não deveria fazer muitas manobras radicais com o carro e pricipalmente deveria me preocupar com  o custo de uma suposta reforma da caixa. Bom, só tenho uma coisa para dizer: TUDO BOBAGEM. Foi um dos Dodges meus com o qual mais fiz "fumaça", mais dei "pau", mais abusei da parte mecânica, e nunca deu problemas com a caixa automática.
                     Certa vez quando  voltava para casa, quase clareando o dia, lá pelas cinco da matina, bem na esquina da minha rua ouvi um tremendo de um estouro seguido de um forte tranco  que chegou a travar as rodas do carro. Logo pensei: "Lá se foi a minha caixa automática!!!!" Como estava muito cansado, com muito sono, encostei o Dodge no meio fio e fui direto para minha cama. No mesmo dia pelas quatro horas da tarde, fomos eu , meu irmão e meu pai empurrar o carro até a nossa casa. Foram os 150m mais custosos que já andei. Já no pátio da minha oficina, levantei no macaco e fiz o motor funcionar, engatei "drive"e tive a surpresa: Não foi a caixa e sim o diferencial que quebrou, pois o eixo cardãn girava e o diferencial paradinho. Acho que foi naquele momento que confirmei a paixão que tenho até hoje por automáticos.

Sequência de fotos tiradas pelo meu irmão Diogo, local onde hoje tem um viaduto. RS239 co RS115
Dodge Automático a toda prova  
                     Fui a "cata" de um diferencial nos ferro velhos da região e não demorou para achar o que procurava: Um novo Dana para o Dodge. Encontrei a peça no ferro velho do falecido Charles Petry, lá tinham muitas coisa de Dodge. O depósito dele ficava na Avenida Sebastião Amoretti, bem perto da casa dos pais daquela que viria a ser minha mulher, que na época.

Foto 2 da sequência. Estas fotos foram tiradas em um sabado, logo após o meio dia. Horario de poquissimo movimento na época. Somente vinha em nossa direção um ciclista, que ficou bem, digamos, apavorado com o feito   

                     Como estava perto do meu aniversário, minha mãe resolveu me presentear com o diferencial do Dodge, com toda certeza, foi um dos melhores presentes que ganhei e também um dos mais úteis.
                    Algum tempo depois acabei por descobrir o porque da quebra do diferencial, todas as vezes que fazia fumaça , deixava o seletor de marchas em "Drive"e consequentemente a caixa troca de marchas varias vezes, simultaneamente, com o carro parado. O regime de rotações do motor se altera muito nas trocas de marchas, alternando de primeira para a segunda e vice versa, dando vários trancos no diferencial. Daí em diante, todas as vezes que fiz fumaça foi com o seletor de marchas em 1 (primeira), sendo tanto para arrancadas em pegas como em fumaça.

Foto 3 , que sequência

Foto 4, só mais uma vaga lembrança e meio pneu a menos no carro
                     Como já relatei anteriormente, meus Dodges eram livres de surdinas, sempre com canos retos na traseira ou na porta. Quando eu andava sempre se escutava o ronco a algumas quadras, a minha chegada sempre era anunciada. Fato engraçado relacionado a isto foi a vez que fiz um pega com este Dodge contra um Maverick V8 de um amigo na praia de Atlântida. Arrancamos e o Dodge deu um pulo na frente do Maverick, mais ou menos de meio carro. A posição dos canos de descarga do Dodge ficaram exatamente alinhadas com a porta do Maverick, andamos algo em torno de 10 quadras e o Dodge sempre na frente, abrindo considerável distância em relação ao oponente. Até estranhei o fato, pois é sabido por todos que o Maverick tem uma arrancada melhor que o Dodge. Quando paramos o meu amigo veio em minha direção, rindo muito e me disse: "Cara, perdi a noção de tempo e espaço, o barulho infernal que sai dos canos do teu carro me deixaram sem saber o que fazer. É que ficaram alinhados na janela da minha porta e não escutei mais nada, inclusive o ronco do motor do Maverick. Acabei não trocando de marchas na hora certa porque só prestava atenção na barulheira do Dodge.
                      Em outra ocasião, quando estava "azulando" na praia, parei em uma sinaleira e encostou uma viatura da brigada militar ao meu lado.  O policial foi taxativo: "Tu tens 24hr para colocar os escapamentos de volta, senão o teu carro vai ser recolhido para o depósito da policia". Tentei argumentar que tinha caido naquele dia, mas ele me disse:  "Guri, faz um mes que eu escuto esta barulheira ensurdecedora, este carro mais parece uma panela de lavagem fervendo. Chegou o teu limite!!! Quer que eu apreenda o carro agora? " Fiquei mudo!!!
                     Ainda bem que estava no fim do veraneio, coloquei as surdinas por uma semana, depois quando retornei a Taquara, tirei novamente.

Foto chegando na oficina
                     Andei por mais dois ou três meses e vendi este Charger R/T para o amigo Jonas Kellermann, de Taquara. Eu lembro que ele ficou muito contente com o carro e fazia muita fumaça nas noites de sexta e sábado em frente a um bar na cidade de Igrejinha, bar este que deixou saudades, pois hoje não existe mais.      
                     Lembro bem que neste mesmo local fiquei, literalmente, com a alavanca de câmbio do Chevette da minha mãe  na minha mão, o que me deixou muito atucanado na noite, foi uma correria louca para colocar o Chevettão em funcionamento antes de chegar em casa.
                    Certa tarde no centro de Taquara, o tio do Jonas me encontrou e veio como uma fera raivosa em minha direção, me xingou bastante e disse que eu não deveria ter vendido aquele beberrão de gasolina para o sobrinho dele e caso acontecesse de ele se acidentar, a culpa seria minha. Na imaginação do pobre coitado, que hoje até é falecido, o Dodge não valia nada, não tinha valor algum e era um carro velho e fora de moda. Portanto eu tinha enganado o sobrinho dele! Mas o Jonas não dizia nada disto. Acho que deva ter boas lembranças deste carro. Bom , sei que o Jonas vendeu o carro algum tempo depois para a cidade de Igrejinnha (possivelmente o comprador tenha assistido a vários rolinhos).
                       Mas vejam bem, aconteciam coisas das mais absurdas em se tratando de Dodge naquela época. A última vez que vi este carro foi no ferro velho do senhor Turco, na cidade de Tres Coroas, como pode??? Um carro integro em tudo, que nunca foi batido , porque estava lá para ser desmanchado. Mas era assim, então não tive outra alternativa, senão comprar dezenas de peças deste carro, coisa que na época, me era muito interessante.
                       Na próxima postagem, contarei um breve relato da minha primeira moto: Uma Honda ML 125  prata.