domingo, 24 de outubro de 2010

Ford F-350 V8

                Quando meu pai  chegou em casa e me disse ter encontrado um caminhão Ford F-350 abandonado, logo tratei de ir dar uma olhada. O Ford estava encostado ao lado de uma casa em uma propriedade rural, localidade de  Santa Cristina do Pinhal, distrito de Taquara. Dava para ser avistado da estrada, tinha cor vermelha e os logotipos Coca-Cola  gravado nas portas. Bati palmas e logo veio uma senhora me atender, era a sogra do dono do Ford, falei a ela que tinha interesse na compra do F-350, então ela foi chama-lo. Logo após me apresentar,  minha primeira prioridade era olhar por baixo do capô, tinha que ter o motorV8 acomodado  em seu lugar. Depois de confirmado o motor, olharia o estado geral do F-350. A confirmação veio em seguida  para a minha alegria, mas sem demostra-la, o Ford ainda tinha o V8.
FOTO TIRADA NA FRENTE DA CASA DOS MEUS PAIS, NA DIREÇÃO DO F-350 MEU SOBRINHO LUCAS. O OPALA COMODORO 1985 QUE MEU PAI ESTÁ LAVANDO TINHA ALGUNS MESES DE USO
                
                  A grande maioria destes motores foram banidos nas décadas de oitenta e noventa para darem lugar aos detestáveis Perkins. Porque as pessoas achavam um grande negócio ter um diesel, claro que em se tratando de economia não tem comparação com o V8.
                  Portanto tratei de parecer inconformado com o motor V8, claro, para depreciar o máximo o Ford F-350.
                   O proprietário, que não lembro mais o nome, era um antigo funcionário da Coca-Cola em Porto Alegre, disse-me ele que quando se aposentou comprou o caminhão em um leilão de renovação de frota da empresa, andou por alguns anos no sítio e arredores de Taquara e depois abandonou o Ford.
                   Fiquei, e fico até hoje, imaginando o que este Ford levou de pau nas ruas e estradas da região metropolitana de Porto Alegre nos anos sessenta e setenta. Imaginem ele carregado de engradados de bebida, subindo ladeiras e morros, o motorzão V8 zunindo, e por vezes, até apanhando de tanta carga. Só quem viu um V8 Ford F100 , F350 ou F600 trabalhando, sabe do que estou falando. O ronco deles é inconfundível.

CAMINHÃO NA ENTRADA DA GARAGEM, COM DODGE NA FRENTE
                    As minha mais remotas lembranças deles foram:
                                          - Uma F100 V8 ambulância do antigo INPS. 
                                          - Um F600 V8 do corpo de bombeiros 
                                          - Um F600 V8 da prefeitura, que passava todos os dias em frente a minha casa. Quando ele entrava na rua eu já sabia, porque o motorista andava sempre com o pé em baixo. Que ronco!!! Nunca vou esquecer destas cenas. Todos os três mencionados foram do município de Taquara.
                     Segundo me contou um ex proprietário de um Ford F600 V8, que anos atrás trabalhava transportando pedras das pedreiras do interior de Taquara para outras cidades do estado, os F600 a gasolina eram os preferidos pelos camioneiros, dificilmente não subia alguma pirambeira e na estrada era um rei, rápido e gostoso de dirigir. Só que tinha dois defeitos grandes: O primeiro era que tinha de se ter muito cuidado para não entortar o eixo cardãn, o motor tinha tanta força que se com o caminhão carregado, ele fosse forçado em arrancadas em lombas ou acavalado, o eixo virava um espiral. O segundo grande defeito era que na estrada, quando avistava um posto de gasolina, a direção começava a puxar para o lado do posto(Brincadeira).

 ESTAS FOTOS FORAM TIRADAS LOGO QUE O F-350 FICOU PRONTO, NÃO TINHA AINDA O MOTOR 318' DE DODGE  NA TRASEIRA
                        Bom voltando ao meu Ford F350, levei o dia todo para fazer o caminhão funcionar, mas funcionou bonito. Cheio de folgas e muito surrado, mas funcionando. Acertamos o preço e peguei a rodovia RS20, que liga Taquara a Porto Alegre e fui em direção a minha casa, distante em torno de 20 km . Documentação totalmente irregular, pneus carecas, freio deficiênte, entre tantas outras coisas fui seguindo pela estrada, feliz da vida com o F350-V8. Era uma época diferente da de hoje, muito mais descomplicada, não se tinha a preocupação de andar "meio" irregular. 
                        Como eu suspeitava, o Ford tinha sido bem surrado, o motor tinha as medidas de pistão 0.60 e bielas 0.30, ficando impossível a reforma do mesmo. Acebei comprando outro motor e reformando por compléto.


FOTO TIRADA DA JANELA DA COZINHA DA MINHA MÃE

                         Depois de muito pensar e pensar, tinha decidido pinta-lo de bordô, após alguns testes de cor que não me agradaram, acabei escolhendo a cor certa. Pintei de um amarelo bem clarinho, ficou sensacional. Mas depois , por pura inexperiência, tive uma grande dor de cabeça para regularizar a documentação. Deixei para fazer a papelada depois de pronto, pintado.  deveria ter pedido uma autorização para a troca de cor antes da reforma. Lá foi meu pai de novo resolver uma pendenga.
                         Resolvido isto,  a restauração do Ford levou exatamente um ano para ser concluida, foi muita dedicação e muito trabalho para deixá-lo novo, mas valeu a pena.
                           Como já tinha dito antes, a minha intenção era fazer um guincho, por isto o Ford não tinha carroceria atras, estava só no chassi. Então, para adicionar peso a traseira e deixá-lo mais macio para rodar, provisoriamente fiz um estrado de madeira e coloquei em cima um motor 318-V8 de Dodge, completo, com bomba dágua e de gasolina, capa seca, motor de arranque, carburador e tudo mais. Ficou razoavelmente mais macia a suspensão traseira, bom para rodar nas ruas irregulares de paralelepípedos.
                            A escolha de colocar um motor V8 na traseira ficou sensacional, uma coisa bem diferente do que se estava acostumado a ver, chamava muita atenção aquele motorzão V8 acoplado na traseira. Não imaginava eu que aquela idéia iria dar tanto o que falar em Taquara. Foi inventado, não sei por quem, que eu tinha instalado dois motores V8 no F-350, um funcionava na tração dianteira e outro na traseira, portanto um Ford F350 V16. E pasmem, tinha gente que vinha me perguntar com era o funcionamento . Eu e meus amigos quase morriamos de rir, é por isto que eu acredito que tantas pessoas são enganadas em se tratando de carros antigos. O ser humano acredita em tudo que escuta!!


FOTO TIRADA NA CASA DOS MEUS PAIS. NA FRENTE DO FORD UM DODGE DE UM CLIENTE

                           Passados poucos meses e depois de milhares de propostas de compra do F350, acabei aceitando, e com muito pesar, passei ele adiante. Logo que  o Ford ficou pronto, comprei um Charger R/T 1977 automático branco, muito inteiro, que contarei na próxima postagem.         

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Charger R/T 1978 Ouro Toledo

               Quando avistei este Dodge para venda em um "picareta" de carros em Taquara logo me interessei, pois tinha uma cor diferente dos que já tive anteriormente. Ouro Toledo, código de plaqueta PT-1. Então fui olhar o estado geral do carro e tirar informações sobre o preço pedido pelo vendedor. O Dodge pertencia a um senhor que residia no município de Santo Antônio da Patrulha. Deixou o carro para venda em Taquara pois era amigo do vendedor, sendo que por este motivo, não entrei em tratativas de compra com ele e nem o conheci.
                Logo após saber o preço pedido pelo carro, ofereci a minha Veraneio em troca. Entramos em negociação e o vendedor logo se mostrou interessado pela minha propósta: Eu dava a minha Veraneio em troca do Dodge e ele me voltava mais um valor em dinheiro. Não lembro quanto foi esta volta, mas era um valor bem considerável. Como já tinha relatado anteriormente, os Dodge não valiam quase nada ao contrário da Veraneio que tinha um bom valor de mercado e era muito procurada. Sem contar o fato de que estava toda reformada, resumindo fechamos o negócio no mesmo dia. 
FOTO TIRADA NO PÁTIO DA CASA DOS MEUS PAIS
                       Tive um pouco de dor de cabeça para regularizar a documentação do Dodge, pois o vendedor não tinha o recibo de transferência, disse que teria que pegar com o dono e me entregaria em alguns dias. Depois de várias tentativas de conseguir o recibo sem sucesso, passados mais de um mês da compra, resolvi ir atrás do antigo dono. Descobri o endereço e fui a cidade de Santo Antônio da Patrulha. Na primeira tentativa consegui falar com a esposa do antigo dono do carro, me disse ela, que o marido tinha entrado em um conflito com o vendedor de carros porque não o tinha autorizado a troca do carro por outro, queria apenas vender. Me disse também que achava que o marido não iria assinar o recibo de venda e que o melhor que eu teria a fazer era desfazer o negócio. Era um caso bem complicado, pois o vendedor neste espaço de tempo, já havia vendido a minha Veraneio para outra pessoa e não tinha repassado o valor em dinheiro para o dono do Dodge.
                         Depois de gastar muito do meu verbo com a senhora, tentando explicar que eu não tinha nada a ver com o negócio mal feito pelo vendedor e que era injusto ele não assinar. Bom... depois disso tudo, ela me disse que eu voltasse para casa que ela iria conversar com  o marido e tentar resolver da melhor maneira possível.  
                         Uma semana depois retornei a Santo antônio da Patrulha e por mais incrível que possa parecer, a esposa do antigo dono do Dodge me entregou o recibo, assinado e reconhecido firma em cartório. Voltei para casa com um peso a menos nas costas.
FOTO TIRADA PELO MEU AMIGO ERALDO CANANI. A DKW É DELE E NA DIREÇÃO O DUDA, IRMÃO DO ERALDO, ENSAIANDO UMA VOLTINHA

                          O Dodge tinha alguns pequenos reparos para serem feitos na lata, alguns pequenos amassadinhos e um polimento. Passadas algumas semanas o carro estava arrumado como eu queria. este Dodge foi um carro que me deu muita satisfação, além de ser muito bonito e chamativo, era ótimo de andar.
                           Nesta época eu estava com dois Charger R/T na garagem, este e o outro 76 branco. Passado algum tempo apareceu comprador com uma proposta irrecusável  para o Dodge Charger branco. Foi vendido para um rapaz da cidade de Igrejinha, fica a menos de 10km de Taquara. Em torno de um ano após ter vendido, eu vi este Charger R/T branco em um ferro velho naquela cidade, do qual comprei várias peças. Teve um destino comum se tratando de Dodge na década de 80.
                           O Charger Ouro Toledo, acho que teve um destino diferente. Foi vendido alguns meses depois do Charger branco para uma juíza do interior do estado, se não me engano, município de Santa Barbara do Sul. Esta juíza estava na época aqui em Taquara olhando um outro Dodge para comprar. O carro era de um amigo meu, senhor Jacó. ele tinha um Charger R/T 1974 amarelo, simplesmente NOVO. Não sei porque mas o negócio entre eles não evoluiu. Assim, ela ficou sabendo do meu Dodge e acabou batendo na casa dos meus pais. Deixei ela olhar detalhadamente e depois fiz um preço para não vender, acho que o dobro ou até o triplo do que valia, mas... ela "bateu o martelo". No outro dia de manhã ela viajou com o carro para casa. Infelizmente nunca mais tive notícias deste carro.
                           O Charger R/T 74 amarelo do senhor Jacó foi vendido também algum tempo depois para uma rapaziada, também para a cidade de Igrejinha, teve também um triste fim. Primeiro ficou grudado em um poste de iluminação pública, foi arrumado como a "cara"do chapeador e vendido novamente para Taquara. Foi comprado por um senhor que tinha uma carrocinha de cachorro quente, em certas ocasiões fiz alguns serviços no Dodge deste senhor, mas o estado era realmente muito ruim. A última vez que vi o Charger amarelo do meu amigo Jacó foi no ferro velho do falecido senhor Arsenor em Taquara, pai do senhor Derocí, que muitos anos depois me vendeu um caminhão Mercedes Benz, juntamente com a concessão do serviço de guincho de Taquara (Remoção e depósito de veículos apreendidos em acidentes de trânsito, furtados, roubados e com problemas de documentação).  
GARAGEM DE VÁRIOS  DODGES MEUS, QUE ATE NOS DIAS ATUAIS, AINDA ACOMODA UM DODGE. 
                               Bom, estava eu sem carro de novo e principalmente sem Dodge. Mas isto não durou muito tempo. Na época eu tinha muito serviço na minha oficina e estava com uns planos de ter um guincho para buscar carros, tanto de clientes como também para resgatar Dodges que eu comprava. Desde os tempos remótos de guri, sempre admirei muito os Ford F-600, F-350 e F-100. Lógico que todos com motor V8. Então logo meu pai achou uma Ford F350 V8 ano 1965 abandonada, que foi resgatada . Mas esta fica para a próxima postagem.